O Parque do Povo é um dos principais símbolos identitários e culturais de Campina Grande, bastante atrelado ao Maior São João do Mundo, que em 2024 terá início nesta quarta-feira, 29 de maio. Contudo, os festejos juninos na Rainha da Borborema começaram a fazer parte da dinâmica urbana de Campina Grande a partir da década de 1940, num período marcado pela formação das áreas periféricas da cidade devido aos processos migratórios.
O Parque do Povo, onde esses festejos se concentram atualmente, está localizado em uma área que antes era conhecida como Coqueiros de Zé Rodrigues. A área do Parque do Povo era uma área natural livre e alagável que servia de escoadouro das águas do Açude Novo (atual Parque Evaldo Cruz) e abrigava moradias e usos populares ainda rurais na época.
Desde a década de 1970, já existiam planos para desapropriar essa área e implantar um espaço livre e público. O projeto urbanístico da época propunha um sistema de espaços livres integrando os Açudes Velho e Novo, com o intuito de suprir a falta de áreas recreativas bem infraestruturadas na cidade. A urbanização dos vazios urbanos e áreas alagáveis, como o local do atual Parque do Povo, era vista como uma solução.
Em 1976, sob a gestão de Evaldo Cavalcanti Cruz, o governo municipal começou a organizar a estrutura dos eventos juninos, montando arraiais na Estação Velha e no Açude Novo, com barracas de comidas típicas e palco para shows musicais e quadrilhas. No entanto, foi em 1986, com a construção do Parque do Povo por Ronaldo Cunha Lima, que a festa junina ganhou uma maior evidência midiática e turística.
Em 1982, o então prefeito Enivaldo Ribeiro desapropriou a área conhecida como Coqueiros de Zé Rodrigues para abrigar um centro cultural. Nessa área, com cerca de 25 mil metros quadrados, foi construído o Palhoção, um grande barracão rústico para as festividades juninas. Em 1983, na gestão de Ronaldo Cunha Lima, este local passou a concentrar a festa junina municipal, que começou a ser promovida como um grande espetáculo turístico e econômico para a cidade.
Entre 1987 e 1988, a área do Parque do Povo foi ampliada para 42,5 mil metros quadrados devido ao sucesso do evento, com a desapropriação de imóveis circunvizinhos.
A partir de então, a festa passou a ser conhecida como o “Maior São João do Mundo”, centralizada no Parque do Povo e com significativa perspectiva econômica. Na segunda metade da década de 1990, a festa ganhou uma cidade cenográfica, fogueira artificial e camarotes, promovendo a turistificação de marcos identitários locais com réplicas de edificações significativas como a Catedral da cidade e o Cassino Eldorado.
Em 2013, o palco principal foi deslocado para o setor norte do parque, permitindo um espaço maior para até 40 mil pessoas, com a criação de uma área VIP cercada em frente ao palco. Em 2017, a gestão do evento passou a ser uma parceria público-privada (PPP). Em 2024, o Parque do Povo passou por mais mudanças: o setor sul foi ampliado, com a incorporação de 34 lotes, e acréscimo de cerca de 7 mil metros a área do Parque, passando dos 31.595 metros quadrados para 40 mil metros quadrados, e o palco principal voltando para o setor sul, a cidade cenográfica retornando para o setor norte, e a interligação por um viaduto com o Parque Evaldo Cruz.
Fora do período junino, o Parque do Povo sedia eventos sazonais como a Consciência Cristã durante o período carnavalesco, o MotoFest, além de outros eventos e shows privados, movimentando a economia da cidade.
A criação do Parque do Povo teve um impacto significativo no traçado urbano de Campina Grande, não apenas ao transformar uma área alagável e subutilizada em um espaço de grande importância cultural e recreativa, mas também ao impulsionar o desenvolvimento econômico e turístico da cidade. A urbanização e a infraestrutura implementadas no local contribuíram para o dinamismo econômico e a identidade cultural de Campina Grande, tornando-a um importante polo de atração turística no Brasil.
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