No coração d’O Maior São João do Mundo, sob a Pirâmide do Parque do Povo, artesãos de Campina Grande viveram um dos momentos mais emocionantes de suas trajetórias criativas. O desfile do projeto “Campina Feita à Mão”, realizado pela Prefeitura de Campina Grande na noite dessa terça-feira, 17, foi muito além de um evento de moda. Foi um espetáculo de identidade, afeto e pertencimento.
Para quem faz arte com as próprias mãos, ver suas criações ganharem destaque diante de milhares de pessoas foi a consagração de um trabalho feito com a alma.
Parte das artesãs que integram o Campina feita à Mão
A passarela foi tomada por peças únicas, criadas por mais de 20 artesãos da Vila do Artesão, equipamento permanente da Prefeitura de Campina Grande, e apresentou um verdadeiro mosaico da arte regional, com roupas e acessórios produzidos a partir de técnicas como macramê, crochê, pintura, trabalho em madeira, couro, fotografia, bordado e algodão colorido, exaltando a pluralidade do fazer manual nordestino.
O artesão Paulo Roberto foi um dos que vibraram com o reconhecimento e a visibilidade gerada pelo projeto. “Um trabalho muito bonito, todo feito à mão. Trabalhamos com madeira, macramê, diversas tipologias regionais e o algodão colorido, que é o carro-chefe do nosso artesanato. Estamos muito felizes com o resultado”, destacou.
A artista plástica e artesã Carmen Sheila, que pintou à mão algumas das roupas apresentadas no desfile, não conteve a emoção ao ver seu trabalho desfilando diante do público. “É uma noite inesquecível, emocionante. Foi um trabalho de muitas mãos, com a visão cuidadosa da primeira-dama, Juliana Cunha Lima e do estilista Paulo Victor. Só tenho a agradecer por esse momento tão especial”, declarou.
Mas, o que mais emocionou o público foi a sensibilidade com que o desfile abordou a inclusão e a diversidade. A jornalista Alana Thalita desfilou ao lado da filha, Elis, e protagonizou um dos momentos mais aplaudidos da noite.
“Significou um momento de conexão com minha cidade, conexão com o natural. Foi lindo entrar na passarela e receber aplausos, porque naquele momento o público entendeu que aquela mãe com uma bebê no colo significava o início de um desfile disruptivo e realista. Corpos reais, pessoas de verdade, arte natural e a nossa cultura emaranhadas. Como mulher negra, mãe de uma menina preta, entusiasta da arte, percebi que entramos para a história do São João e dos artesãos campinenses. Foi um dia de grande honra”, ressaltou Alana Thalita.
Jornalista Alana Thalita e sua filha, Elis
A beleza do evento esteve na estética das peças mas, principalmente, na representatividade que tomou conta da passarela. Pessoas com deficiência, diferentes corpos, idades, gêneros e histórias compuseram um desfile real, tocante e potente.
“O público foi testemunha de um novo tempo para o artesanato campinense. Um tempo em que o feito à mão ocupa o centro do palco e carrega consigo a alma de um povo. Começamos prevendo cerca de 40 peças e o sucesso foi tão grande que levamos à passarela quase 70, mostrando o talento e a dedicação dos nossos artesãos”, destacou Paulo Victor, estilista e curador do desfile.
O “Campina Feita à Mão” é uma realização da Prefeitura de Campina Grande, idealizado pela primeira-dama Juliana Figueiredo Cunha Lima, com curadoria do estilista Paulo Victor e o apoio da Arte Produções e da Natura, que forneceu todos os produtos para a preparação dos modelos.
O projeto prevê também ações de formação e incentivo aos artesãos ao longo do ano e venda de produtos selecionados na loja exclusiva instalada no túnel que interliga o Parque do Povo ao Parque Evaldo Cruz, fortalecendo ainda mais a presença do artesanato n’O Maior São João do Mundo.
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